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A dor sem nome

Na solidão da noite, a dor me invade,

Ao despertar e ao sonhar, ela é minha verdade,

Minhas forças ela rouba, dia após dia,

Minha fiel companheira, que não me alivia.


Arde as entranhas, rasga vísceras com fervor,

Me parte ao meio, uma paixão sem amor,

Dor sem nome, ninguém entende o que se passa,

Médicos, às vezes, pensam que é só farsa.


Na pele, no músculo, nos buracos e na vulva,

Essa dor persiste, não se afasta, não se fulva,

Meses a fio, ela faz morada e se entranha,

Remédio algum cura, é como uma teia estranha.


Será meu Karma, um enigma não resolvido,

Ou a medicina falha em entender o sofrido,

A dor é real, palpável, física e concreta,

Não é ansiedade, é uma luta secreta.


Até quando hei de conviver com tal agonia,

Até a exaustão, até definhar, será meu dia-a-dia?

Ou anos se estenderão, como tormenta inclemente,

15 anos, 7 anos, esse tempo é realmente suficiente?


É uma questão que ecoa na minha mente, a me ferir,

Enquanto a alegria de viver ela continua a consumir,

Mas sigo a enfrentar, com coragem, sem me entregar,

A esperança é minha luz, um dia, hei de curar.




Obs.: Este poema relata o tormento que a autora enfrenta devido à endometriose e falta de médicos qualificados no

sistema público de saúde com capacidade de diagnosticar uma doença que atinge tantas mulheres, e ainda insistem em não querer conhecer.

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