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A melhor coisa que eu fiz, foi mudar de lugar

O sentimento de pertencimento era o que mais me faltava na terra onde nasci. Sempre fui artista mas nenhum cenário me abraçava. Nesta cidade existem dois grupos de artistas: aqueles que se vestiam e viviam de maneira alternativa, e aqueles que possuíam uma alta renda e andavam com pessoas influentes. Como eu compartilhava as mesmas ideologias dos artistas alternativos, mas não me vestia como eles, eu não era aceita. Infelizmente, estes grupos foram formados com base nas aparências. E sem nenhum poder aquisitivo ou amizades influentes, eu me via só. Sem apoio, me acostumei com o casulo. Escrevia sobre mim, guardava para mim e até desejei por muito tempo um esconderijo para que guardasse todos os meus textos em latas de biscoito. Sempre foi meu o mundo a que eu pertenço, por isso tantos desejos intimistas e composições solitárias repletas de versos românticos e dramáticos. Meu blog se chama "O Mundo de Ju" e meu primeiro livro se chamará "E se esse mundo fosse meu, Dona Alice?", qualquer pessoa que estudou psicologia a fundo conseguiria interpretar esses títulos, basta uma pequena olhada com atenção. Mas não era apenas isso que não me fazia sentir confortável onde residia, o fato de que nada na minha vida fluía, me causava grande agonia. Como se o caminho da minha vida fosse repleto de pontes que se quebravam no exato momento que eu tentava atravessá-las, sendo forçada a aprender a nadar ao mesmo tempo que eu tinha que lutar pela minha vida. Nada ia para frente, nem a faculdade, nem a carreira, nem a vida social e amorosa, eu vivia um eterno looping na ponte que se rompe e me lançava na água sem eu saber nadar. E quando eu cansava, eu parava de lutar e mergulhava em depressão, como uma sereia na escuridão do seu próprio peito. Eu lutava para melhorar minha situação, mas o caminho parecia me enganar. Eu sentia um pequeno vislumbre de esperança, mas logo era derrubada novamente. Cansada de viver em um ciclo de fracasso, eu decidi mudar de lugar. Foi junto ao mar que eu encontrei um lar que me recebeu de braços abertos. Apesar das dificuldades e das pessoas mal-intencionadas que tentaram romper minhas esperanças, eu me senti confortável no meu novo lar. Pouco a pouco, eu comecei a receber os presentes da vida que sempre busquei. Hoje, prestes a lançar meu primeiro livro, com a conclusão da faculdade, portas se abrindo, e com o amor em minha vida, eu tenho a certeza de que mudar de lugar foi a melhor decisão que eu poderia ter tomado.



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