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Bela, recalcada e do lar

A cada 10 brasileiros, 6 já conheceram uma bela, recalcada e do lar (estatística fictícia). Aquela pessoa que vomita asneiras com tom de soberba. Que possui uma baixa auto-estima tão grave, que de meia em meia hora tem a necessidade de chamar a atenção para si mesma. Em que metade das suas falas se contradizem, demonstrando mínimos sinais de que isso tudo não passa de blefe de quem se sente a pior das piores e, na melhor das hipóteses, tenta ajudar falando: Ah, o meu é melhor. Deixando a desejar em suas afirmações, em que mesmo sendo compulsiva por compras, tem o prazer de dizer: eu sou muito econômica, você que não sabe administrar o seu próprio dinheiro. Se colocando numa corrida sem fim em que no final só ela ganha; seja qual for o assunto ou situação.


Sem o mínimo de controle, se quer consegue se segurar ao ver que uma prima está com a mesma cor de esmalte que ela. A recalcada se alimenta de falas de autopromoção, desconhecendo qualquer defeito em si mesma. Mesmo que isso pareça um absurdo, não é algo tão incomum encontrar pessoas que possuem total desconhecimento do próprio eu, se tirando de campo quando encontra com alguém se comportando como ela. Eu mesma posso - apesar de 6 anos de terapia e pela minha busca constante pelo conhecimento do meu próprio eu - cair na armadilha de me tirar da situação quando deparada com alguém que possui comportamentos que eu não aceito em mim.


A agonia que sinto perto desse tipo de pessoa é a mesma que uma pessoa com Tripofobia (que eu também tenho) sente ao folhear um livro de morfofisiologia com figuras de células da pele. A vontade é de se arranhar, se descabelar e gritar: você não se cansa disso?!

Okay, mas por que isso me incomoda tanto? Até que ponto é um grande gatilho pra mim?! Logo eu, que adora assumir minhas fragilidades, frustrações, baixa autoestima e complexos. Transparente feito vento, me coloco sobre a mesa como um pernil de natal no final da ceia, todo aberto e esmigalhado nos primeiros minutos de conversa que tenho com alguém (na maioria das vezes entro numa ressaca de culpa por ter me aberto tanto, principalmente quando usam o que eu disse contra mim). Apesar de tamanha inconveniência, o meu incômodo pelo outro diz mais sobre mim do que sobre o outro.


A pergunta que não quer calar, seria então, delírios neuróticos de tamanha incomodação por si mesma? Ou uns resquícios de narcisismo?






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