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Hoje eu choro a mágoa das minhas memórias perdidas.

Hoje, dia 31/05/2023, eu perdi tudo que eu tinha. Desde os meus 13 anos, eu guardava cada uma das minhas memórias. Mesmo quando eu era constantemente criticada por estar com uma câmera nas mãos durante os aniversários, passeios, encontros familiares. Porém, muita gente não teria sequer uma lembrança do que tinha acontecido se não fosse pelos meus registros. Muito menos eu. Até porque a memória é falha, com o passar dos anos ela vai apagando aos poucos e criando por cima de outras memórias, e por esse motivo eu fazia das minhas fotos o que eu tinha de mais valioso. Eu guardava de tudo que era jeito, em cartão de memória, celular, pendrive e computador, e em hipótese alguma descuidava delas. Cada registro era um momento, uma época, um sentimento, que foi apagado de uma vez só, como quem arranca o coração de um peito enquanto ainda está batendo. Infelizmente eu confiei em quem não devia, que não tinha o mesmo zelo que eu. Juro que preferia que meu computador tivesse explodido do que ter perdido tudo por negligência. Hoje eu choro a mágoa das minhas memórias perdidas, que em breve serão esquecidas, pois muitas já foram. Sempre valorizei o momento presente, por isso gostava de registrá-los, pois não queria esquecer um sorriso surpresa, muito menos um abraço sincero flagrado pelas lentes da minha alma.

Compreendo que muitas pessoas já se encontram traumatizadas quando avistam jovens com suas câmeras de celular utilizadas unicamente para mostrarem em redes sociais, mas desde que me recordo, antes mesmo de existir essa fixação por mostrar a própria vida na internet eu já gostava de fotografar cada momento. Dói muito saber que as fotos com pessoas que já morreram não estão mais comigo, que todos os meus aniversários desceram pelo ralo do inconsciente e nunca mais poderei revivê-los, que o livro que escrevi aos 13 anos se foi, como se nunca tivessem existido. Que ironia do destino, portadora do TEPT, chorar a perda de suas memórias. Hoje posso afirmar com a plena certeza, que meus registros me curaram diversas vezes na vida, até porque lembrar que existiram momentos bons durante um momento ruim, é cura. Além do mais, recordar momentos ruins enquanto se está bem, é ter certeza que as fases não duram para sempre. Hoje me encontro num estado de profunda tristeza e com uma baita tarefa psíquica, resignificar para me reconstruir.

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