Parei de ter medo de perder as pessoas quando eu descobri que eu sobrevivo sem elas.
- julianasena1069
- 28 de jan.
- 2 min de leitura
Sempre fui de guardar tesourinhos em belas caixinhas e levá-las para onde eu fosse. Fiz muita coisa de tesouro em toda minha vida, de objetos há relações. Por esse motivo estendi amizades que nem deveriam ter ido tão longe, se não fosse meu esforço para fazê-las existirem. Mas essa compreensão não veio de um dia pro outro, pelo contrário, precisou de tempo, muito tempo. Tanto tempo que meus ombros foram acumulando pesos, palavras não ditas, atitudes não tomadas, limites não impostos, que foram enchendo minha mochila até ficar tão pesada que uma hora não aguentei mais.
Neste momento rompi minha primeira amizade, uma relação de anos, quase de infância, diremos assim, talvez esteja mais pra amizade de adolescência. E para minha surpresa, eu senti alívio quando descobri minha capacidade de por pontos finais. Há uma certa beleza em pontos, acho que se colocar mais uns 4 pontos ao redor desse, até se forma uma flor, como a representação de esperança, de que talvez aquilo que termina seja o início de novas coisas, amizades? Acredito que não, talvez de descobertas.
Bastou isso, pra que eu começasse a perder o medo de desenhar uma listra bem grossa no chão como sinal de limite, de que se você ultrapassou aquela linha não será mais bem-vindo em minha vida. Até que conheci uma amiga nova, e seus comportamentos me acendiam sinais de alerta. Isso mesmo, alerta de perigo que talvez ali eu encontrasse um cárcere. E não precisou muito tempo para que eu rompesse com aquilo que estava me fazendo mais mal, do que bem.
Até que um dos meus tesourinhos sumiu, e eu não o encontrava mais por nenhum lugar, porque talvez ele não quisesse mais ser encontrado. No início doeu, durante doeu, na verdade, doeu por muito tempo. Eu não conseguia superar a partida de uma amizade tão importante pra mim, onde eu encontrava muito colo e acolhimento. Refleti quase que todos os dias procurando respostas que não tinham nada a ver comigo, então passei a acreditar que se tem alguma coisa a ver comigo, está tudo bem, e nesse instante parei de procurar e aceitei que histórias bonitas também chegam ao fim.
Dentre as que haviam sobrado, um desses tesourinhos estava me provocando alguns desconfortos, além de ter percebido que amadurecemos de formas diferentes, me levando a enxergar que talvez estivéssimos muito fora da realidade uma da outra. Não sentia mais comprensão, nossas conversas estavam mais pra sua própria visão sobre meu problema que nada entendia, do que no campo da empatia. Só bastou uma visita pra que eu comprovasse que a conexão que tivemos um dia talvez estivesse se dicipando. Como já apanhei muito na vida, tenho conseguido enxergar de longe aquilo que me afeta de forma negativa e tenho preferido me proteger ao invés de insistir só por medo de deixar uma amizade acabar. E depois de refletir muito no silêncio de minha instrospecção eu tive a coragem de por tudo na mesa e ir embora.
E foi aí que descobri que eu me libertei quando parei de ter medo de perder as pessoas. Tendo em vista que parei de ter medo de perder as pessoas quando eu descobri que eu sobrevivo sem elas.
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