Passei por situações de rejeição tão graves pelo primeiro homem (pai) da minha vida, a pessoa que devia ter me amado, e não fez isso, que toda situação que desperta esse gatilho de rejeição, me mantém aprisionada num poço de dor, que faz eu me sentir abandonada, mal amada, mal quista, feia, horrorosa por um bom perÃodo de tempo. Sei muito bem que ninguém tem nada a ver com isso, mas isso me afeta por 27 anos, é muito fácil eu voltar para o lugar que aquela menina de 7 anos estava quando chorava atrás do sofá, bem encolhida e sozinha, enquanto seu pai dava banho nos filhos de outra mulher. Você pode se perguntar: Ok, Juliana, mas o que eu tenho a ver com isso. A resposta é que ninguém tem, mas a partir do momento que me afeta, também afetará todos a minha volta.
Eu vivi uma vida em busca de aprovação o tempo inteiro, ouvir que eu sou bonita, ouvir que eu sou inteligente, ouvir que fui escolhida. E apesar de tudo isso, criou-se uma Juliana dentro de mim que aprendeu a validar isso por si só, à s vezes. Conseguindo muitas vezes se acolher mesmo quando se via sozinha. Eu agradeço a essa força vital que nunca me permitiu entrar num relacionamento horroroso em busca de validação. Por um lado, isso me diferencia muito de outras garotas que namoram um atrás de outro em busca da falta desse pai. E durante minha vida, acabei prestando mais atenção nas rejeições do que nas aprovações, sei que é um hábito e luto constantemente pra não ter mais. Mas é difÃcil.
Quando entramos num relacionamento, não criamos uma comunhão só com o lado bom do parceiro, também casamos com o lado obscuro, frágil, vulnerável e cheio de falhas. Por isso é tão difÃcil estar num relacionamento, porque mal sabemos lidar com as nossas questões e ainda temos que lidar com as questões do outro. Por isso que na minha concepção, o amor é tudo sim, porque sem ele, ninguém aguentaria essa situação.
Plantar é fácil, difÃcil é lidar com pragas que ameaçam a vida do jardim, só o amor traz a paciência pra isso. Porque muitas pessoas se separam mesmo amando? Porque acham que o amor é um jardim em que cada um tem que cuidar de suas próprias pragas, e não o contrário. Na realidade, se os dois lutarem juntos contra a escuridão que habita em cada um, é mais fácil chegar no melhor um do outro. As vezes aquela menininha de 7 anos que eu visito de vez em quando, precisa de uma mão pra ajudá-la a sair de trás do sofá, porque sua força está abalada.